quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Os perigos do tabaco durante a gravidez

Cientistas descobrem genes ligados a baixo peso e parto prematuro.
Os cientistas podem ter descoberto a razão pela qual algumas mulheres que fumam durante a gravidez têm bebés pequenos, enquanto outras, com os mesmos hábitos, dão à luz bebés normais.

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da
Universidade de Boston, EUA, acredita que a chave deste mistério é o modo como determinados genes interagem com o fumo do cigarro. O estudo efectuado pelos cientistas mostrou que as mulheres grávidas que fumam têm mais probabilidades de ter um bebé prematuro ou com baixo peso devido à falta ou inactividade de dois genes. Estes genes - CYP1A1 chamado e GSTTI - controlam o modo como o organismo quebra os componentes químicos dos componentes químicos do fumo do cigarro.

A equipa de Wang estudou 741 mulheres grávidas que deram à luz no Centro Médico de Boston durante 1998-2000. As gestações mais curtas, bem como os bebés com mais baixo peso foram relacionados com as mulheres que fumaram durante todo a gravidez, as quais apresentaram variações de ambos os genes CYP1A1 e GSTTI.

Com as mesmas variações genéticas, as mulheres não fumadoras não apresentaram nenhum risco acrescido de nascimento prematuro ou de baixo peso do bebé.

O artigo publicado pelos cientistas no «Journal of the American Medical Association» refere que: "os dados demonstram que um subgrupo de mulheres grávidas com determinados genotipos pareceu ser particularmente susceptível ao efeito adverso do fumo do cigarro, sugerindo uma interacção metabólica entre genes e o fumo do cigarro. "

Entretanto, o baixo peso dos bebés foi descrito pela investigadora como um problema muito
complexo, onde coabitam muitos factores ambientais e genéticos diferentes.

Segundo os autores do estudo, este é o primeiro estudo que demonstra a ligação entre o consumo de tabaco, genes específicos e o baixo peso em bebés. " Embora tudo isto necessite de ser confirmado, é um processo contínuo. Nós esperamos que estes trabalhos conduzam para melhorar maneiras reconhecer e tratar aquelas mulheres em risco elevado de ter um bebé com baixo peso.

Mesmo que certas mulheres não possuam o perfil genético apresentado, os investigadores aconselham todas as que pensam engravidar a reduzir ou parar de fumar. Em declarações à BBC, Wang refere que " a mensagem geral tem avisar todas as futuras mães fumadoras que podem prejudicar os seus bebés. "

Agora, a equipa de Wang procura identificar os traços genéticos específicos das mulheres que provavelmente podem dar à luz crianças prematuras ou com baixo peso. Para tal, analisa 51 genes, incluindo os envolvidos nas respostas do corpo ao stress e infecção, nas
mudanças hormonais relacionadas à gravidez e nos modos como o organismo absorve uma variedade de toxinas ambientais.

Marijuana

Um outro estudo elaborado na Grã-Bretanha também indica alguns factores de risco entre o hábito de fumar marijuana durante a gravidez e as consequências para os recém-nascidos.

Apesar de não ter encontrado indícios de que o uso de marijuana durante a gravidez aumente o risco de aborto, a equipa de cientistas britânicos e neozelandeses constatou que as utilizadoras de marijuana, que mantiveram o hábito durante a gravidez, deram à luz bebés mais pequenos.

Ainda não está clara a razão pela qual a marijuana retarda o crescimento do feto. No entanto, sabe-se que a mistura da droga com tabaco - charro - liberta substâncias químicas que prejudicariam o desenvolvimento do feto.

Em média, os filhos de mulheres que fumaram marijuana pelo menos uma vez por semana durante a gestação nasceram com 216 gramas a menos do que bebés de mães não-utilizadoras.

Descontados os efeitos de outros factores, como o tabaco, os cientistas chegaram à conclusão de que o consumo regular da droga reduz o peso do feto em cerca de 90 g. Ainda de acordo com o estudo, os bebés de mães consumidoras de marijuana tendem a ser mais baixos e com cabeças mais pequenas.

Segundo os cientistas, fumar um “charro” - cigarro de marijuana - por semana equivale a fumar 15 cigarros de tabaco por dia. "Essas descobertas sugerem que é prudente alertar as mulheres grávidas para as provas de que a marijuana pode levar à redução do crescimento fetal", escreveram os investigadores na última edição do Jornal Britânico de Obstetrícia e Ginecologia.
" De uma forma geral, mulheres grávidas deveriam evitar o uso de todas as substâncias tóxicas durante a gravidez."

Mais de 12 mil mulheres participaram do estudo. Os resultados, no entanto, foram baseados nas declarações das mulheres, que disseram ter ou não usado marijuana durante a gravidez. Segundo os próprios cientistas, essa metodologia pode ter distorcido os resultados.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Os perigos do cigarro

tabagismo4Atualmente, cerca de metade da população mundial tem contato direto com o tabaco. Seja pelos 1.200.000 de fumantes ativos, seja pelos 2.000.000 de fumantes passivos ou involuntários, que inalam a fumaça do tabaco em seus lares, trabalho ou até no lazer.

Sabe-se que a epidemia tabágica provoca a morte de mais de 5 milhões de pessoas por ano, sendo a principal causa evitável de morte. Nos países desenvolvidos, o cigarro mata mais que a soma das mortes causadas por cocaína, heroína, álcool, incêndios, suicídios e AIDS.

A inalação da fumaça do tabaco é causa de aproximadamente 50 doenças, e entre as 6 maiores causas de morte no mundo, 4 são relacionadas ao consumo de tabaco: infarto do miocárdio, derrame cerebral (AVC), doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica) e câncer, principalmente o de pulmão. Algumas outras doenças tabaco-relacionadas são: câncer de boca, garganta, esôfago, estômago, pâncreas, cólon, reto, fígado, vias biliares, rins, bexiga, mama e colo de útero. Impotência sexual, infertilidade, úlcera de estômago, osteoporose, insuficiência arterial, gangrena, etc. Isto sem falar nas complicações e riscos para a mãe e feto no tabagismo durante a gravidez.

O tabaco, quando queimado e inalado, libera mais de 4700 substâncias químicas, sendo 60 delas cancerígenas, dezenas de substâncias irritantes, venenos poderosos e uma que causa prazer e dependência química, a nicotina. Ao chegar aos pulmões, a nicotina leva poucos segundos para chegar ao cérebro, causando liberação de vários neurotransmissores, sendo a dopamina a mais importante.

Qualquer forma de se inalar a fumaça do tabaco, seja através de cigarros, charuto, cachimbo, cigarros de cravo, de palha, narguile, etc acarreta a absorção das substâncias nocivas acima descritas.

E os cigarros de “baixos teores” de nicotina e alcatrão são menos prejudiciais? Este conceito foi colocado pela indústria do tabaco, sempre procurando uma forma de esconder os malefícios de seu produto. A principal modificação feita na elaboração dos cigarros de “baixos teores” foi na ventilação do filtro.

Os dispositivos de ventilação dos filtros, geralmente, correspondem a um ou mais anéis de orifícios, que servem para diluir a fumaça como ar, e assim reduzir a concentração das emissões de alcatrão, nicotina e monóxido de carbono.

Porém, como o fumante é dependente de nicotina, e precisa receber as dosagens que estão habituadas, este compensa a redução da emissão de nicotina dando tragadas mais profundas, mantendo a fumaça mais tempo nos pulmões, fechando os poros do filtro com os dedos ou ainda fumando mais cigarros que antes.

Uma das mais importantes revisões feitas pelo National Institute of Health dos Estados Unidos sobre riscos associados como uso de cigarros de “baixos teores” apresentou, entre outras, a seguinte conclusão a respeito:

“Estudos epidemiológicos e outras evidências científicas não indicam benefícios para a saúde pública no que se refere às alterações no desenho ou manufatura de cigarros nos últimos 50 anos. Estas alterações não causaram diminuição importante de adoecimentos devido ao consumo de cigarros, tanto para o fumante ativo, como para a população em geral”.

O próprio posicionamento da indústria do cigarro, em seus documentos internos, revela: “Sem dúvida, é possível que o efeito de mudar para cigarros com baixos teores de alcatrão seja aumentar e não diminuir os riscos de se fumar. Devido à grande variedade de carcinógenos produzidos durante o processo de pirólise (reação química produzida pela queima de substâncias orgânicas) é pouco provável que se possa chegar a uma forma completamente segura de se fumar tabaco”

Um dos aspectos mais graves dessa questão é que o marketing dos cigarros de “baixos teores” os coloca como uma alternativa “inteligente” à cessação do tabagismo. Oferece uma falsa garantia de proteção e passa a impressão de um produto menos prejudicial. A única forma comprovada de proteção contra as doenças tabaco-relacionadas é não fumar e não permitir a poluição tabágica.